Por Wanglézio Braga
A cheia do rio Breu mais uma vez devastou a produção agrícola dos povos indígenas Huni Kuin, no território de Marechal Thaumaturgo, no Acre. Em um vídeo impactante, moradores da Colocação São José, que abriga cerca de 700 indígenas distribuídos em oito comunidades, mostram a destruição das lavouras de banana e mandioca, que já estavam prontas para a colheita.
As imagens registradas pelos próprios indígenas revelam um cenário desolador. Em seu dialeto, eles narram as perdas e lamentam a situação, mesmo sabendo que todos os anos enfrentam o mesmo drama com a subida das águas. As plantações de amendoim, mamão e milho também foram atingidas, comprometendo ainda mais a segurança alimentar da comunidade, que depende exclusivamente do que cultiva para sobreviver.
Diante da dificuldade de escoamento da produção para a cidade ou regiões vizinhas, os Huni Kuin enfrentam um desafio ainda maior: recomeçar praticamente do zero sem apoio externo. “A gente planta, cuida, espera o tempo certo e, quando chega a hora, o rio leva tudo”, diz um dos indígenas.
A recorrência das cheias acende um alerta sobre a vulnerabilidade dessas comunidades, que há anos sofrem com as intempéries e a falta de políticas públicas eficazes para mitigar os impactos. Sem alternativas viáveis de transporte e comercialização, os indígenas seguem enfrentando perdas que comprometem sua subsistência e a continuidade de suas práticas tradicionais.