Por Sandra Nascimento e Ângela Azevedo
As catástrofes climáticas que crescem assustadoramente em todo o mundo estão no centro das discussões do primeiro seminário do projeto “Outras Florestas”, que será realizado de 8 a 10 de outubro, na cidade de Marechal Thaumaturgo, no Acre, com idealização da ONG Contato e apoio da Fundação Banco do Brasil.
O projeto liga meio ambiente e cultura no combate às desigualdades sociais, interligando três localidades do país. Além de Marechal Thaumaturgo, Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e Moreré, vila pertencente à Ilha de Boipeba, no litoral da Bahia, também são os territórios participantes.
“O ‘Outras Florestas’ é de suma importância para o momento que o Brasil vive hoje, cercado de queimadas. Se faz urgente que a sociedade civil construa com o governo novas soluções para os problemas ambientais do Brasil”, assinala Vitor Santana, fundador da ONG Contato e um dos coordenadores do projeto.
Os primeiros resultados do levantamento de dados socioambientais de cada região serão apresentados no seminário, que terá a presença de vários órgãos ligados à questão do desenvolvimento sustentável. No Acre, o projeto prevê a construção de seis açudes, contribuindo para a segurança alimentar do povo indígena da etnia Ashaninka e das comunidades do entorno. Também estarão presentes lideranças de cada região contemplada pelo “Outras Florestas”, que vão destacar a expectativa sobre o impacto de ações que beneficiarão o meio ambiente e a cultura e possibilitarão o desenvolvimento de mecanismos de geração de renda, como uma fábrica de reutilização de vidros descartados em território baiano.
“Reunir todas as pessoas envolvidas no Acre, na Bahia e em Minas, no meio da Amazônia, no contexto do que está sendo feito pelos ashaninkas e autoridades locais de Marechal Thaumaturgo, é uma luz para o futuro da humanidade. Acredito que estamos plantando uma semente que se frutificará em várias outras atividades como essa”, assinala Santana.
Entre os presentes está André Ramos, analista ambiental do Departamento de Gestão Compartilhada de Recursos Pesqueiros do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. “Acredito que será um evento muito construtivo, trazendo discussões objetivas para questões relevantes do país”, destaca.
O seminário será inteiramente realizado no Instituto Yorenka Tasorentsi, instituição de visibilidade internacional, parceira do “Outras Florestas” que, liderada por indígenas da etnia Ashaninka, vem chamando a atenção ao integrar conhecimentos tradicionais com técnicas modernas como resposta aos desafios atuais.
No primeiro dia da programação, em 8 de outubro, haverá solenidade de abertura, às 19h30, com a presença de várias autoridades locais e nacionais. Logo depois acontece o primeiro debate, sobre o tema “Inclusão e Tecnologias Sociais no Combate à Fome”.
O segundo dia (9) começa na parte da manhã, a partir das 10h, com o tema “Meio Ambiente no Brasil e os Desafios do Milênio”. Às 16h, acontece reunião aberta da Rede Cipó, com a apresentação das articulações entre cultura e meio ambiente que serão feitas nos três territórios. No mesmo dia, será exibido o documentário “Beija Flor: A História de Benki Piyãko”, sobre o líder Ashaninka e um dos maiores ativistas indígenas do país que inspirou Milton Nascimento na composição da música “Benke”.
No terceiro e último dia (10) de seminário, os debates terão continuidade com a mesa “O Futuro do Planeta e a Cultura Indígena no Brasil”, a partir das 15h. Lideranças indígenas farão a apresentação de projetos desenvolvidos por suas comunidades. O encontro será encerrado com duas apresentações, uma às 20h, com uma demonstração de ritual Ashaninka, e outra apresentação às 21h30, de Raine Ashaninka, vice-presidente do Instituto Yorenka Tasorentsi e cantor de músicas tradicionais.
