Por Wanglézio Braga
A Associação de Produtores Rurais Amigos do Campo do Ramal do Espinhara, a APRACRE, no município do Bujari, vem tentando reorganizar a produção agrícola e pecuária de uma das regiões mais tradicionais do interior do Acre. Criada a partir da união de quatro associações comunitárias, a entidade nasceu do esforço de lideranças locais como o produtor Flávio, reconhecido pelo trabalho voluntário, e hoje é presidida por Gustavo Viana. Juntos, eles buscam unir forças para recuperar a confiança das famílias rurais, que somam entre 250 e 300 moradores distribuídos ao longo do ramal.
O grupo reúne 50 famílias associadas, mas enfrenta dificuldades que vão desde a falta de água no verão até a ausência de apoio técnico e de maquinário para o preparo das áreas produtivas. Em períodos de seca intensa, há comunidades em que crianças deixam de ir à escola porque a água disponível serve apenas para beber. O problema compromete não apenas o dia a dia das famílias, mas também a organização da produção agrícola, já que muitas atividades dependem diretamente do acesso à água.

Mesmo com adversidades, o Ramal do Espinhara mantém tradição na criação de gado e na produção de mandioca e milho. Esta última, porém, tem registrado queda significativa. Segundo Viana, havia épocas em que propriedades da região chegavam a produzir até sete toneladas de milho por safra. Hoje, sem máquinas, insumos ou assistência regular, a mesma área mal alcança uma tonelada.

Os produtores afirmam que ainda acreditam no potencial agrícola do Bujari, mas cobram do poder público uma política permanente de incentivo ao pequeno produtor, especialmente no acesso ao preparo de solo, insumos e logística. Para muitos, a retomada da produtividade depende de investimentos concretos que cheguem às comunidades — e não apenas de anúncios que não se confirmam na prática. A expectativa da APRACRE é que dias melhores venham, com mais diálogo e presença efetiva do poder público.
