Por Wanglézio Braga
O vizinho estado de Rondônia acaba de ganhar destaqueno setor da melicultura com o trabalho da primeira sommelière de mel, Josilane Serra. A profissional, que já atuava na apicultura e meliponicultura desde antes da pandemia, decidiu aprofundar o conhecimento sobre o universo dos sabores e aromas dos méis. O resultado veio com a formação na primeira turma do Instituto Sommelier de Mel do Brasil, em São Paulo, onde ela participou de uma imersão de três dias e degustou mais de 80 tipos de méis de diferentes regiões do país.
Segundo Josilane, o papel do sommelier é complementar o trabalho do produtor rural. Enquanto o criador cuida das abelhas, das floradas e da coleta, o sommelier analisa o mel no que diz respeito à cor, cheiro, notas sensoriais e qualidade. Essa parceria, explica ela, ajuda o produtor a entender melhor o próprio produto, melhorar a apresentação no mercado e garantir mais segurança e transparência ao consumidor. “Quando o produtor sabe comunicar o sabor do mel, ele agrega valor e conquista um público mais exigente”, reforça.

A Amazônia, e especialmente Rondônia, é uma potência natural para esse mercado. Estudos recentes apontam que a região amazônica abriga cerca de 200 espécies de abelhas sem ferrão, responsáveis por méis medicinais e altamente aromáticos. Josilane lembra que o Acre, por exemplo, possui 62 espécies catalogadas, e Rondônia fica logo à frente, com vasta diversidade ainda pouco explorada comercialmente. “São dezenas de tipos de méis, cada um com propriedades medicinais e gastronômicas. A população conhece muito pouco desse universo”, afirma.
Uma das ferramentas usadas no trabalho é a roda sensorial do mel, criada em 2024 e considerada a primeira do Brasil destinada exclusivamente a abelhas sem ferrão. A partir dela, é possível identificar notas que vão desde florais e frutadas até sabores inusitados, como nuances animais e aromas raros da floresta. Para Josilane, explorar essa diversidade pode transformar o mercado regional, impulsionar a renda dos apicultores e aproximar a população dos produtos amazônicos. “Quando a pessoa experimenta três ou quatro tipos de mel, ela entende o valor que existe na nossa biodiversidade”, completa.

