Por Wanglézio Braga
A Emater do Acre, mesmo respirando “por aparelhos”, conseguiu homologar uma licitação importante para compra de tratores e grades niveladoras. Os equipamentos, adquiridos por mais de R$ 1,3 milhão, devem reforçar as ações de mecanização agrícola voltadas aos pequenos produtores. A empresa, no entanto, tem enfrentado um cenário de extrema fragilidade institucional, com quadro reduzido, falta de especialistas e a necessidade urgente de um concurso público que devolva capacidade operacional ao órgão responsável pela assistência técnica rural no estado.
Segundo a homologação assinada pelo diretor-presidente, Rynaldo Lúcio dos Santos, foram contratados nove tratores agrícolas de 85 cv e nove grades niveladoras. A justificativa aponta que os equipamentos serão usados para recuperar áreas de baixa produtividade e apoiar cerca de 2 mil famílias por ano, incluindo assentados, agroextrativistas e pequenos produtores. O próprio documento reforça a necessidade de fortalecer a estrutura produtiva do Acre sem ampliar desmatamento, incorporando áreas abandonadas ao processo produtivo.

Apesar do esforço, a Emater segue limitada pela falta de pessoal técnico. Hoje, o órgão opera com um quadro reduzidíssimo, bem abaixo do necessário para atender toda a demanda da agricultura familiar nos 22 municípios acreanos. Produtores reclamam que, sem extensionistas suficientes, muitas ações de campo ficam atrasadas, e programas importantes não conseguem avançar na velocidade que o setor exige. Faltam especialistas em solo, manejo, pecuária e desenvolvimento rural.
A licitação homologada representa um respiro, mas não resolve o problema estrutural. A assistência técnica permanece enfraquecida, enquanto o estado possui vastas áreas degradadas e um potencial produtivo subutilizado. Para que o Acre avance, é preciso não só máquinas, mas gente preparada no campo, concursos e fortalecimento institucional da Emater, peça-chave para o desenvolvimento rural sustentável.
