Por Wanglézio Braga
Em Senador Guiomard, a feira municipal vem ganhando um produto curioso e cheio de história: a “batata não me toque”, também conhecida como “cará-moela”. O produtor e feirante Edson Costa, que trabalha em uma pequena chácara de três hectares, tem encontrado boa procura pelo tubérculo, vendido a R$ 8 reais o quilo. Segundo ele, os clientes mais antigos são os que mais buscam, já que além do sabor, acreditam que a raiz ajuda no controle da glicemia.
O cultivo chama atenção pela forma inusitada. Diferente da batata comum, a “não me toque” cresce enrolada nos troncos de árvores. Quando amadurece, ela simplesmente cai, e o agricultor precisa correr para colher. “Ela sobe na raiz, sobe na árvore, aí começa a soltar os frutos. Quando cai, já pode pegar e cozinhar, do mesmo jeito que a batata tradicional”, explica Edson.

Na cozinha, a versatilidade é garantida: vai bem em cozidos, acompanhada de carne ou até mesmo em receitas mais simples. O produtor destaca que o plantio é feito com a chegada das chuvas, e em cerca de oito meses a planta começa a produzir. A terra do Acre, segundo ele, é ideal para esse tipo de cultivo, o que favorece os pequenos agricultores.
Além da batata “não me toque”, Edson também produz café, abacaxi, mandioca, colorau e hortaliças em sua propriedade, reforçando a importância da agricultura familiar na região. Na feira, a procura pela raiz só cresce, mostrando que tradição, sabor e saúde podem andar juntos no prato do acreano.
DETALHES
A batata conhecida como “não me toque” ou cará-moela tem como nome científico Dioscorea bulbifera, pertencente à família das dioscoreáceas. É uma trepadeira rústica, de fácil adaptação, que se desenvolve bem em solos úmidos e férteis, subindo pelas árvores e soltando os bulbos que podem ser colhidos quando caem naturalmente.
O plantio costuma ser feito no início das chuvas, permitindo que a planta enraíze com força e aproveite a umidade da terra. Para garantir boa produção, os agricultores recomendam plantar em áreas sombreadas, próximas a árvores que sirvam de suporte, e fazer uma boa limpeza do terreno para evitar o sufocamento das ramas.