Por Wanglézio Braga / Fotos: Diego Gurgel e Agência Aleac
A visita do presidente Lula ao Acre, nesta sexta-feira (08), deixou um gosto amargo para boa parte dos pecuaristas e agricultores do estado. Para o pecuarista Geraldo Pereira, o encontro serviu mais como palco político e troca de afagos do que para enfrentar os problemas que travam a economia acreana. Segundo ele, Lula e sua comitiva ignoraram o que considera o ponto mais grave para o desenvolvimento: a questão ambiental e a regularização fundiária das propriedades rurais.
Pereira criticou a entrega simbólica de alguns títulos de terra e a criação de três assentamentos, que, na sua visão, funcionaram como álibi para não discutir de fato os entraves que sufocam a produção. Ele lembrou que o governo federal se ampara nas transferências constitucionais, como FPE e FPM, mas que isso não resolve a realidade do campo, onde as leis ambientais e os embargos paralisam o crescimento da agricultura e da pecuária.
A expectativa de muitos produtores estava no discurso do governador Gladson Cameli. Porém, na avaliação de Pereira, o chefe do Executivo estadual limitou-se a agradecer parcerias e listar realizações, sem coragem de enfrentar o governo federal para defender o maior setor econômico do Acre. “A agricultura de soja e milho já sofre para se desenvolver por conta da dureza das leis ambientais. Os pecuaristas continuam sendo perseguidos e não encontram no governador o seu defensor”, afirmou.
O cenário é preocupante: segundo ele, existem 24.680 propriedades voltadas à pecuária de cria no estado, responsáveis por movimentar a produção rural, mas sobre elas pesam mais de 80 mil embargos e restrições do PRODES. A situação impede o acesso a crédito e até a venda de gado para alguns frigoríficos, comprometendo a renda de milhares de famílias e travando o desenvolvimento regional.