Por Marcela Jansen
Na participação da Bolívia na Expoacre, um grupo de mulheres da comunidade de Santa Rosa do Abunã, no departamento de Pando, conquistou o público com um produto inusitado e simbólico: a pipoca de mandioca. Crocante, leve e feita a partir da ‘yuca‘ amazônica, o alimento virou estrela do estande da Associação de Mulheres de Pando, que reúne 45 produtoras engajadas na transformação dos frutos da floresta em renda e dignidade.
Além da pipoca, o estande exibe biscoitos de castanha e açaí, brigadeiros cristalizados, granola com açúcar morena, bombons de cupuaçu e até chaveiros de castanha — todos com a marca Tapec, criada pelas próprias mulheres. Os produtos, feitos de forma artesanal, carregam um propósito claro: valorizar a Amazônia, gerar autonomia econômica e manter a floresta em pé.

“Cada pacote vendido ajuda a sustentar nosso bosque amazônico e garante dignidade às mulheres da nossa comunidade”, afirma Sandra Zairo, responsável pela comercialização e porta-voz do grupo. Segundo ela, o Acre representa uma porta de entrada fundamental para que a produção boliviana alcance novos mercados e visibilidade internacional.
A receptividade do público acreano tem emocionado o grupo. “Estamos muito felizes. É a nossa primeira vez aqui e o carinho tem sido enorme. Esperamos que essa conexão entre Acre e Pando cresça ainda mais”, afirma Sandra. Distantes das capitais bolivianas, as mulheres de Santa Rosa enxergam no vizinho brasileiro uma ponte real entre povos amazônicos.
A participação na Expoacre é mais do que uma feira: é um gesto de resistência feminina, integração fronteiriça e afirmação da bioeconomia regional. Na pipoca de mandioca, crocante e simples, cabe uma floresta inteira. E mulheres que sabem como mantê-la viva.